Um azar que se espera vir só


A tão propalada pré-época do Benfica teve o condão de recuperar a confiança e a alegria de jogar aos da Luz. No entanto teve um senão do qual já desconfiava e que saltou hoje à vista, frente ao Marítimo: os jogos abertos e disputados da pré-temporada fizeram os da Luz esquecerem-se de como é jogar contra uma equipa da Liga Sagres. Esqueceram-se de como é jogar contra uma equipa que não se importa de ficar um jogo à espreita de uma oportunidade para marcar, que não se importa de abdicar do ataque quando o consegue, que não se importa de colocar apenas quatro jogadores nos cantos ofensivos para evitar descompensações defensivas, que não se importa de dar 70% de posse de bola ao adversário e… aguentar!
Este problema tornou-se demasiado evidente na primeira parte, com o Benfica a entrar com uma atitude excessivamente passiva, esperançado, talvez, de que a bola acabaria por entrar. E entrou, mas na baliza errada!
A situação de desvantagem e o futebol atrapalhado que se jogava, tristemente, recordaram-me um outro Benfica, o de Quique.
Breve sensação essa, felizmente, já que a enxurrada de futebol da segunda metade fez renascer a esperança de uma reviravolta. O relógio, danado, não parava e a bola não entrava. A injustiça do resultado ia enchendo de raiva os benfiquistas, dentro e fora de campo, que iam perdendo a esperança e rogando pragas a Peçanha. Nem de penalty!...
Só Weldon, talvez mais habituado a “jogar para o ponto”, soube manter o discernimento e fazer o que já parecia impossível: bater Peçanha!
Explosão de alegria na Luz. Os jogadores, empolgados, agigantam-se ainda mais e quase dão a volta. Não deu, empatamos.
Acaba o jogo, acaba a emoção e volta o benfiquista a ser capaz de ser racional. Fazem-se contas, fáceis, para já: do mal o menos, Porto e Sporting também empataram! Está tudo igual.
Verdade seja dita, o resultado dos outros não transforma o nosso num bom resultado, longe disso. Mas a exibição – a da segunda parte – deixa os benfiquistas com a esperança de que a sorte irá mudar. Pelo menos ao Peçanha não o voltaremos a encontrar tão cedo, o que já é um começo.
Uma última nota: entristece-me, depois de tanto investimento na equipa, ver a jogar dois laterais adaptados. Em relação ao Rúben, dadas as circunstancias, a situação até poderá ser compreensível. Já no que toca a David Luíz custa-me vê-lo desperdiçado a lateral esquerdo. Chamo a isto desvalorizar um jogador. Uma situação a rever.

Nenhum comentário: